terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

AULA 03 - ELEMENTOS VISUAIS


SINTAXE NA LINGUAGEM VISUAL E ALFABETISMO

Se linguagem verbal ocupa uma posição fundamental no aprendizado humano, como meio de armazenar, transmitir informações e veicular idéias em intercâmbio à linguagem visual, comparativamente, pode constituir de maneira semelhante, a formação de sintaxe, portanto, alfabetismo. 


ELEMENTOS BÁSICOS DA LINGUAGEM VISUAL

Ponto, Linha e Forma: elemento mínimo de situação, adimensional, simples e irredutível. Qualquer ponto tem grande poder de atração visual sobre o olho humano, pois são instrumentos úteis de referência espacial. Quando colocados em justaposição criam a ilusão de tom e cor, tendo a capacidade de conduzir o olhar conforme a intensidade e a proximidade da aglomeração de pontos. O desenvolvimento da trajetória de ponto gera um elemento distinto e unidimensional. A linha é a cadeia sucessiva de pontos quebram a estática visual através da natureza linear fluida podendo esta trajetória ser ondulada, nítida, grosseira, delicada, imprecisa ou exata. As linhas podem ser geometricamente curvas, retas, sinuosas ou mistas, e são elementos essenciais para a designação da forma. A forma é a
manifestação visual dos elementos como o ponto e a linha. A linha descreve a forma bidimensional e consequentemente as figuras planas sejam elas geométricas, irregulares ou orgânicas. A forma pode se apresentar como elemento visual unitário ou agrupar-se como elemento estrutural. É a manifestação visual de qualquer elemento conceitual.



Tom: O tom é relação monocromática entre luz, sombra e superfície. É a relação entre a claridade e a obscuridade sobre as superfícies, em gradações sutis de escala tonal que vai do preto ao branco. A claridade e a obscuridade se dão no valor tonal das escalas de cinza.



Cor: A cor é a relação cromática do espectro luminoso com a pigmentação das superfícies. Portanto, a cor está compreendida entre cor luz e cor pigmento tendo três dimensões que podem ser medidas, sendo elas o matiz, a saturação e o brilho. A cor está impregnada de significados simbólicos que afetam a psicologia da percepção humana.



Textura: A textura é o efeito tátil e visual que define a composição de uma superfície. Como característica possui alto grau de padrão, valor comparativo e uniformidade visual, estando ligada a percepção sensual do olhar e do toque.

 

Espaço e Dimensão: As dimensões são as grandezas métricas que definem o espaço e os elementos visuais. O espaço pode ser definido bidimensional ou tridimensionalmente de acordo com as dimensões métricas de comprimento, altura e profundidade, caracterizando a representação das perspectivas tanto no desenho quanto na fotografia. A dimensão é o elemento dominante para a definição de grandezas espaciais no desenho, na pintura, na arquitetura e na escultura.


 

Escala e Proporção: Escala e proporção referem-se a relação métrica entre grandezas dimensionais dos elementos visuais. São sempre matematicamente comparativas entre as grandezas métricas de dois ou mais elementos visuais, portanto podem ser dadas por fórmulas e equações.



Direção e Sentido: A direção é o vetor para a formulação de acompanhamento visual da forma e da composição no espaço.  É a indução do olhar pelo campo compositivo através dos elementos visuais dispostos quanto a relação de sentido nos eixos horizontal-vertical. Direção e sentido são as bases para o movimento visual.


Movimento: O movimento vem da persistência visual das formas como efeito dinâmico. O movimento depende da repetição, da frequência, da direção e do sentido em que se dispõem os elementos no campo compositivo. O ritmo é uma consequencia do movimento visual organizado de modo alternado e proporcional.




terça-feira, 18 de dezembro de 2012

AULA 02 - Técnicas e materiais



TÉCNICAS DE TONALIDADE COM GRAFITE

Existe um número enorme de variações e mesclas entre técnicas para a obtenção de tonalidades e sombra com grafite. Listamos aqui algumas das principais técnicas utilizadas:

Sombreado

Usando o lápis lateralmente é possível de se obter uma cobertura mais ampla e uniforme em forma de sombreado. Com o cotovelo apoiado sobre a prancheta é possível executá-lo com o movimento de mão e do pulso. Quanto mais rugoso o papel mais intervalos em branco aparecerão, num papel mais macio a tonalidade será mais uniforme.


Esfumaçado

Esfregar em movimentos circulares o tracejado ou o sombreado com um esfuminho, algodão ou borracha suaviza o conjunto, preenchendo os espaços em branco no papel rugoso. Deve-se tomar cuidado com a uniformidade, uma vez que a pressão aplicada para o esfumado nem sempre será constante.



Tracejado simples

Traçam-se linhas rápidas com espaçamentos menores ou maiores utilizando pressão variada de acordo com a intensidade da tonalidade que se deseja produzir. Processo básico de texturização da tonalidade que adquire maior efeito conforme a composição do papel.
Tracejado cruzado
 
Usa-se o lápis com menos inclinação e traçando-se linhas consecutivas, em seguida cruzam-se linhas em outra direção. Séries adicionais de linhas acentuam a tonalidade de uma determinada área. Produz uma cobertura com menos uniformidade, porém com um maior grafismo.



TÉCNICAS COM NANQUIM

As técnicas secas para texturas com nanquim são bem semelhantes ás técnicas de textura com grafite, enquanto as úmidas se assemelham aos métodos usados para a pintura em aquarela, sendo estas:

 
Técnicas de texturas a nanquim

As texturas a nanquim podem ser produzidas por caneta, bico de pena ou pincel. Possuem inúmeras formas, mas em geral são mais utilizadas as texturas lineares, tracejados cruzados ou pontilhismo. As texturas dão aspecto mais gráfico aos desenhos do que os sombreados.


Técnicas de pincelada a nanquim

As técnicas com pincel e nanquim podem ser molhadas ou a seco. As pinceladas molhadas produzem o efeito chapado com nanquim puro, ao se preencher áreas extensas de preto, enquanto a mistura de água permite manchas aquareladas simulando volume na técnica de aguada. Ao aplicar a técnica de pincel seco, a mancha desaparece dando lugar aos traços bem definidos e texturizados com a forma do pincel.


TÉCNICAS DE PINTURA COM LÁPIS DE COR

As técnicas de pintura com lápis de cor seguem basicamente os métodos empregados com lápis e grafite, porém com diferenciações necessárias para o aproveitamento das misturas de cores.

Sombreado

Da mesma forma que o grafite pode-se sombrear com cor utilizando-se o lápis lateralmente, produzindo não só maiores áreas de cobertura como também um efeito de graduação conforme pressão e as camadas.


Tracejado simples


Linhas rápidas, regulares com diferentes espaçamentos. Esta técnica pode ser utilizada para a mistura de pastel seco, fazendo pouca pressão com o lápis e aproximando mais as linhas entre si.
Tracejado cruzado

Linhas tracejadas sobrepostas em diferentes direções, mesclando cores e criando efeitos óticos. Pode-se utilizar uma ou várias cores para criar efeitos de textura e de cor.

Tracejado circular

Sobreposição de traços circulares em opção ao traço cruzado. Possui efeitos de mescla de cor, porém dando mais ênfase aos efeitos de textura.


Marcas direcionadas


Traços curtos seguindo uma direção específica podem imitar texturas naturais como fogo, cabelo ou relva. O efeito pode ser obtido por utilização de duas ou mais cores densamente sobrepostas.


Marcas de incisão

Sobrepondo duas cores e, depois, fazendo ligeiras incisões para deixar a cor inferior à vista ou fazendo incisões no papel antes da aplicação com o lápis de cor de forma a ficarem linhas à mostra da cor da superfície do papel.

Brunidura

São camadas de cores sobrepostas aplicadas densamente e com pressão a fim de encher a textura do papel e produzir uma superfície de aspecto sedoso.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

AULAS 01 e 02 - Teoria da Forma e aspectos visuais


Teoria da forma: Gestalt


 A Gestalt foi uma “escola” de psicologia experimental cujo precursor foi o filósofo austríaco Christian Von Ehrenfels em fins do século XIX. Por volta de 1910 foi efetivamente implementada como linha de pesquisa na Universidade de Frankfurt pelos psicólogos alemães Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1940).
O movimento gestaltista atuou principalmente no campo dos estudos da forma, da capacidade de percepção, de linguagem, inteligência, motivação e aprendizado na dinâmica dos grupos sociais. De carater empirista, os estudos da Gestalt fundamentavam-se na rigorosa experimentação da relação sujeito-objeto à procura de explicações no campo da percepção humana, opondo-se ao subjetivismo na análise dos fenômenos perceptivos, por considerá-los resultado da interação da fisiologia do sistema nervoso com o campo material.
O termo original Gestalt propõe algo mais próximo da “integração das partes” do que o entendimento de “soma do todo”, ao se referir ao universo formal, e sua versão para inglês, espanhol e português é geralmente traduzida como “forma”, “figura” ou “estrutura”.


Postulados da Gestalt


Conforme a Gestalt, a maneira de explicar a origem dessas forças integradoras é atribuir a procura de organizações como estabilidade, coerência e unificação na percepção das formas à um dinamismo autorregulador do sistema nervoso central: “Todo o processo consciente, toda a forma psicologicamente percebida está estreitamente relacionada às forças integradoras do processo fisiológico cerebral”.
Essas organizações são espontâneas, não arbitrárias e independentes da vontade ou do aprendizado e estão condicionadas influêcias psicofisiológicas do ser humano. Na percepção da forma, não existe um processo cognitivo posterior de associação desses vários estímulos e sensações, segundo a Gestalt: “a primeira sensação já é de forma, já é global e unificada”.
Koffka ainda estabeleceria uma divisão entre forças internas e externas que atuam no fenômeno da percepção visual e que terminam por explicar “por que vemos as coisas como as vemos”. Segundo ele, as forças externas são constituídas pela estimulação da retina através da luz proveniente do exterior, e das condições em que incide nos objetos que observamos; enquanto as internas, na estrutura do cérebro e no dinamismo cerebral ao processar as informações externas.
A maneira como se estruturam as formas depende então, do modo como se articulam as forças internas e externas conforme uma relação de organização subordinada a algumas leis gerais e seus princípios perceptivos básicos.


Princípios perceptivos


De um modo geral, dentro da teoria da Gestalt, podemos agrupar o jogo de forças que regem a organização perceptiva da forma, em quatro princípios princípios perceptivos básicos: a tendência à estruturação organizada, a segregação figura-fundo, a pregnância das formas, a constância perceptiva.
A tendência à estruturação organizada é propensão natural do ser humano a organizar ou estruturar os diferentes elementos confrontados, agrupando elementos que se encontram próximos uns dos outros ou que possuam semelhança. No ato de ver, as unidades individuais criam outras formas distintas ao serem agrupadas e novamente unificadas. A propriedade de fechamento faz com que essa unificação das partes se materialize numa nova forma unitária que possua significado identificável. No caso da segregação figura-fundo pode haver ambiguidade no fechamento de forma identificáveis. Este fenômeno é o resultado da distinção entre o campo primário e o campo secundário da visão. Dependendo do foco de atenção, diferentes partes de um mesmo todo poderão representar figura ou fundo, dividindo o campo perceptual em primário ou mais importante e secundário em segundo plano. A distinção figura-fundo provoca um fechamento onde a ambiguidade da mensagem visual é a característica marcante, não ocorrendo a predominância de uma figura sobre a outra,  mas sim uma ênfase de percepção conforme a alternância do campo visual primário. 

Figuras 01 e 02: estruturação organizada/ segregação figura-fundo


 Haverá sim, predominância formal nos casos de  pregnância das formas, onde as qualidades que determinam a facilidade com que percebemos figuras, estão associadas a identificação de formas, cuja simplicidade e clareza introduzam uma ordem perceptiva entre o todo e as partes. A pregnância formal sempre priorizará o sentido de harmonia e equilíbrio visual, elegendo como predominantes as formas geométricas e simétricas em detrimento à profusão e a complexidade formal. Já a constância perceptiva permite que uma vez conhecidas as características dos objetos, o sujeito tende a percebê-los com a mesma forma permanente, independente das condições e posições que esses objetos se encontram. A constância perceptiva é a fixação do conceito por trás de uma forma, o que permite sua identificação e diferenciação entre o universo de formas existentes. Fatores como a proximidade formal, a semelhança entre características e a continuidade de elementos levam a um fechamento que identifica um objeto substantivo.


Figuras 03 e 04: pregnância de formas/ constância perceptiva
 
 
Influências psicofisiológicas


Para que se contemplem os princípios perceptivos, devemos levar em conta a ação das influências psicofisiológicas na interpretação das forças externas que são processadas pela visão e pelo sistema nervoso, conforme suas características gerais.

Equilíbrio e tensão: relação de ajustamento estável entre eixos horizontal-vertical dada pela fisiologia primária de varredura do olho humano, através da compensação do peso em relação a um contrapeso. É o estado de distribuição onde toda a ação chegou a uma pausa e a energia potêncial do sistema chegou ao mínimo. Na composição equilibrada todos os elementos relacionam-se mutuamente de modo que nenhuma alteração pareça possível e o todo assume o caráter de necessidade em relação às partes. O equilíbrio não requer necessariamente a simetria, mas esta é a técnica mais fácil para se chegar a estabilidade predominante numa composição equilibrada. Por outro lado, a tensão é o efeito causado pelo desvio de atenção em relação à estabilidade dos  eixos horizontal-vertical como quebra de repouso e por consequência, a modificação das condições de equilíbrio. A tensão pode ser acrescentada a uma composição pela inserção de um elemento de peso visual dissonante, como também pela alteração de sua posição e e direção. A tensão não é a relação inversa ao repouso produzido pelo equilíbrio, mas sim a força que modifica gradual ou repentinamente este aspecto de repouso.

Figuras 05 e 06: equilíbrio/ tensão



Peso e direção: o peso é sempre um efeito dinâmico de um elemento ou uma posição “forte” no esquema estrutural que provoca tensão numa composição. O peso depende do tamanho, da cor e da correlações entre os espaços no campo visual. A atração entre os pesos vizinhos determina a direção das forças visuais da composição, sendo que a direção das formas pode ser equilibrada pela posição dos centros de atração no campo visual.


Figura 07: peso visual


Nivelamento e aguçamento do campo visual: na balança compensatória entre as grandezas acumuladas pelos pesos visuais, podemos aguçar o sentido visual acrescendo tensões que perturbem a estabilidade do conjunto, ou mesmo anulando-as com a paridade entre oa pesos visuais que a tornem novamente  estável. O nivelamento e o aguçamento são os efeitos causados por elementos visuais que provoquem a concentração ou o desvio dos eixos horizontal-vertical, reforçando ou retirando a sensação de centralidade e estabilidade no campo compositivo.
Figuras 08 e 09: nivelamento e aguçamento do campo visual



Atração e Agrupamento: necessidade de construir conjuntos através de unidades, baseado na relação de similaridade entre tamanho, forma e cor. Vem do princípio básico da propensão humana de selecionar, agrupar e organizar elementos diferentes conforme novas distribuições espaciais unificadas e inteligíveis.


Figura 10: atração e agrupamento


Positivo e negativo: ambigüidade da manifestação visual da forma sendo alternada entre campo primário ligado a figura (positivo), e secundário ao fundo (negativo), efeito da segregação figura-fundo e da capacidade fisiológica de concentração e alternancia conforme campos visuais preferenciais.


Figuras 11 e 12: positivo e negativo